Entrevistas



Diversidade:
  "Educar para conviver."


Entrevita com o 
Prof. Dr. Francisco Jr


  1. Qual a capacidade de transformação que um movimento desses (Semana do orgulho de ser) tem de modificar a consciência coletiva de um estado tão ligado a conceitos machistas?

O trabalho que o Grupo MATIZES realiza em parceria conosco da universidade tem o papel de sensibilizar as pessoas pra a importância de uma reflexão critica sobre a realidade. Nós trabalhamos com formação e acreditamos que qualquer ativismo político ou militância deve estar fundamentado no ponto de vista analítico e teórico. Qualquer que seja o movimento ou a causa defendida pelo militante ativista deve estar bem fundamentada no sentido de terem realmente consciência do que estão defendendo. Até porque participamos de debates e quando questionados sobre o assunto, trabalhamos numa perspectiva de desconstruir preconceitos e estigmas. Então quando somos convidados fazemos uma parceria com a sociedade civil organizada já que uma das funções da Universidade é dar base pra que o movimento ganhe densidade e que haja atuação política com mais consciência e os objetivos possam ser atingidos de forma mais eficaz. Sendo assim a transformação e a mudança, vem com essa consciência de que é importante aglutinar esforços ou mesmo tempo que se constrói um ativismo mais consistente.

  1. Até que ponto, podem ser consideradas legitimas as manifestações por liberdade de expressão, nesse tipo de movimento?  

É uma questão de natureza política e é totalmente legitimo na medida em que atende a demanda de um segmento, os desejos sexuais são uma questão de natureza política e o que está em jogo é a identidade de um sujeito que tem múltiplas necessidades, que é multidimensional. E que exige a liberdade de praticar sua particular forma de amar, e quando a sociedade faz uma serie de restrições a isso, quando surge o contato com o proibido, o preconceito, a exclusão. Esse desejo torna-se fundamental pra livre expressão da identidade. Somos uma totalidade e temos inúmeras dimensões e quando vamos às ruas defendermos algo relacionado a uma demanda especifica a nossa afetividade, exigimos a possibilidade de viver da forma mais plena possível. Historicamente a homossexualidade tem sido tratada como pecado, crime, doença e etc. devemos tentar desconstruir esses preconceitos históricos e mostrar tão simplesmente que é uma forma particular de amar que faz parte da historia da humanidade e considerável parte das pessoas vivencia desta orientação. E o fato de sofrer com determinada discriminação gera uma infelicidade, pois o político atravessa todas as dimensões seja de raça, gênero. E a questão da sexualidade é afetada pela dimensão política. Então é totalmente legitimo que esses indivíduos que vivenciam desse preconceito se organizem pra desconstruir estigmas e estereótipos

  1. Quais os fatores que levaram os organizadores deste movimento (Semana) a ampliar o significado da semana e da parada para alem do universo “GLSBT”?

      A categoria dos excluídos que compreende pobres, negros, mulheres, deficientes. As minorias em geral colocam-se aspas já que aqui estão incluídas uma parte muito grande da humanidade e estas questões estão ligadas aos GLSBT’s porque não tem como focar-se na realidade de um único sujeito, luta-se contra todo um sistema explorador, uma forma de dominação que atinge toda uma gama de indivíduos, então é necessário conectar uma questão particular com a totalidade da realidade de uma consciência mais ampla. Pode até haver momentos onde se devem discutir questões particulares, mas temos inimigos comuns, desta forma todo um sistema que explora o trabalhador e lhe aliena a ponto deste não conseguir lidar com as diferenças. É importante a especificidade do movimento ligado a orientação sexual dentro de uma totalidade sócio, econômica, política, cultural. Não se pode abstrair o significado da questão porque ela esta ligada a um conjunto de outras. Os homossexuais precisam ter solidariedade com um conjunto de outros sujeitos que não compartilham com esse desejo em articular, mas aceitam e compreendem e apóiam essa bandeira do respeito as diferenças, tem que se estimular a mixofilia, que é conviver com o diferente. Desde criança os pais e educadores devem prepará-los para conviver com o que é diferente mas legitimo e humano, não é melhor nem pior  todos merecem ser tratados com igualdade, respeito e dignidade.


Ricardo Ximenes , Diretor de assuntos estudantis - CACS-UFPI














Ygor Leite - Graduando em Ciências Sociais - UFPI
XXV ENECS BELÉM-PA - Entrevista com Ygor Leite

1. Qual o tema do encontro?
Impasses e contradições na formação e atuação do cientista social.

2. O que achou do encontro?

Foi um encontro bem interessante, pois houve bons debates, excelentes palestras. Mas como em todo encontro, houve também contra tempos em relação ao deslocamento dentro do campus da UFPA. Esses contra tempos não mancharam a imagem do encontro, são fatos até esperados, pois sabemos que realizar atividades de grande porte tem suas dificuldades.

3. Apresentou trabalho? Do que se tratava?

Sim. Foi um trabalho de parceria com o professor Rodrigo Passos. Na verdade esse trabalho já era para existir muito antes do encontro. Pois ele é fruto de vários debates realizados no grupo de estudo que o professor coordena. Nesse grupo, estudar os ideias de Antonio Gramsci, como base nisso, o trabalho foi construído. O tema do trabalho girava em torno da relação do conceito de intelectual orgânico e a função que o cientista social desempenha. Acho que foi bem interessante essa ligação e acho que esse trabalho merece mais páginas no decorrer do resto do curso.

4. Descreva as instalações e a estrutura do encontro?


As instalações e a estrutura do encontro estavam ótimas. Todo o encontro foi realizado dentro das dependências da UFPA, diga-se de passagem, é uma bela universidade.

5. Quais foram os subtemas do encontro?

Como em todo encontro de Ciências Sociais não poderiam faltar os de gênero, sexualidade, movimento estudantil. Mas teve um que me chamou atenção, foi sobre Empresa Junior de ciências sociais. Foi legal, pois eu nunca tinha visto o que realmente era isso e depois do debate pude procurar algumas informações sobre a atuação de tais empresas na sociedade.

6. Que benefícios acredita que o evento trouxe para você e para o curso?

Bom, pessoalmente foi rico pelo fato de ter feito muitos contatos com colegas de outras universidades e trocar muitas ideias. Para o curso ainda é cedo para falar, tenho algumas ideias que nasceram do encontro, mas acho melhor ainda não comentar, prefiro amadurecê-las para depois poder socializar.

7. Além dos temas do evento, que outros benefícios existem em encontros como esse, em sua opinião?

Acho que os encontros são mais um espaço de construção de idéias, mas que ultimamente tem se transformado em locais nos quais partidos políticos tem tentado tomar espaços. Acho que é ruim quando os estudantes esquecem de vestir a camisa do curso e só debatem sobre coisas que fogem ao tema do encontro. Nesse encontro achei meu espaço dentro movimento estudantil de Ciências Sociais, o mais importante é que tenha uma serventia nos espaços sociais de conflito como no caso da segurança e saúde pública, por exemplo. Esses locais vêm sofrendo pela falta de bons planejamentos, entendo que o curso de Ciências Sociais possui muitas ideias a analisar tais situações, mas isso só será possível se nos prepararmos dentro do curso. Debates vazios para saber quem é mais de esquerda não possuem uma relevância para a sociedade, os encontros devem buscar fazer algo que realmente ocupe espaços concretos dentro da realidade social.

João Francisco -  Secretario de Financias do CACS-UFPI