Olhares diferentes sobre a sociedade
Dizer que as Ciências Sociais tratam do estudo dos fenômenos sociais e do desenvolvimento de sociedades sugere um campo muito vasto de atuação. E de fato é. De acordo com professor do Departamento de Sociologia da UnB Luís de Gusmão, várias definições poderiam ser utilizadas para as Ciências Sociais. “Pela resposta padrão, é o campo da investigação acadêmica que procura compreensão científica do mundo social“, explica. Tão difícil quanto uma definição mais específica é estabelecer com exatidão a fronteira entre suas duas grandes ramificações, a Sociologia e a Antropologia.
O professor do Departamento de Antropologia da UnB Wilson Trajano Filho conta que muita gente chega a se graduar sem ter compreendido com clareza a distinção. “Na verdade, o objeto de ambas as ciências é o mesmo. O que varia é a abordagem, a metodologia”.
Trajano revela que é forte entre leigos e calouros o mito de que a “antropologia estuda os índios” e a sociologia analisa a sociedade moderna – e acrescenta que os professores lutam contra essas distorções desde o início do curso.
Em linhas gerais, observando-se as definições tradicionais, a Sociologia, de grande abrangência, objetiva fornecer uma visão de conjunto dos vários acontecimentos da vida social, sejam eles relativos à economia, à política ou à esfera simbólica e cultural. A Antropologia procura descrever o homem e analisá-lo com base nas características biológicas e culturais dos grupos em que se distribui, enfatizando as diferenças e variações entre eles.
Na UnB, os dois departamentos – Sociologia e Antropologia – fazem parte do Instituto de Ciências Sociais e formam um dos campos de conhecimento mais tradicionais, prolíficos e consolidados na universidade. A trajetória começou em 1969, com a criação do antigo Departamento de Ciências Sociais, posteriormente separado do Instituto de Ciências Humanas. Em 1983, o Instituto foi dividido nos atuais departamentos de Sociologia e Antropologia e, em 1987, incluiu o Centro de Pesquisa e Pós-graduação Sobre as Américas, que já titulou mais de 400 mestres e doutores e acumula uma produção de mais de 100 livros e coletâneas de artigos, de inúmeros relatórios de pesquisa e outros trabalhos escritos, dos quais já se perdeu a conta.
Existem atualmente três habilitações possíveis para o estudante de Ciências Sociais na UnB: em Antropologia, Sociologia ou Licenciatura, esta última voltada para o ensino das matérias relacionadas à área no Ensino Médio. A formação é comum às três até o quarto semestre, e inclui disciplinas de Economia, História, Filosofia e Relações Internacionais, além das próprias Ciências Sociais.
Com o diploma, o profissional está apto a prosseguir na carreira acadêmica, continuando seus estudos no mestrado e doutorado, ou exercer a pesquisa, como profissional autônomo ou vinculado a alguma instituição de pesquisa ou consultoria. Os empregos, reconhece o professor Gusmão, andam escassos. “Ex-alunos têm reclamado do mercado de trabalho. Afinal, são mais de 50 universidades em Brasília, hoje, formando todos os anos um contingente cada vez maior de bacharéis”.
Para contornar o problema, adquirir experiência profissional na área em que se pretende atuar antes mesmo de receber o diploma pode ser um grande salto. Por isso, os alunos de Sociologia fundaram, em 1998, a empresa Socius Consultoria Júnior em Ciências Sociais. Trata-se de uma firma como as outras no ramo: os estudantes que escolhem passar por ela realizam pesquisas de opinião pública e mercado, perfis sócio-econômico-cultural, sobre impacto e riscos ambientais e exploratórias para clientes como órgãos do governo, organizações não--governamentais, instituições de ensino, empresas e até mesmo estudantes da pós-graduação. São, em todos os momentos, supervisionados por professores e profissionais qualificados. “A Socius tem uma importante função de entusiasmar e envolver os estudantes com a profissão”, acredita o professor Gusmão.
Ele considera que o aspirante às ciências sociais deve se informar sobre as áreas, antes de optar em definitivo. Trajano, por sua vez, dá uma dica sobre o que os futuros antropólogos encontrarão pela frente. “A antropologia lida, sobretudo, com a diferença. Todas as sociedades são diferentes – nem piores nem melhores umas que as outras – mas diferentes, e o estudante deve estar disposto a estudar e preparado para lidar com essas dessemelhanças”.
Linhas de pesquisa - Examinar os tipos de estudos feitos dentro do Instituto de Ciências Sociais da UnB é a melhor forma de compreender melhor a natureza deste campo de conhecimento. As linhas de pesquisa desenvolvidas no Departamento de Sociologia, hoje, compreendem aspectos diversos da sociedade no Brasil e no mundo. São elas Ciência, Tecnologia e Educação na Contemporaneidade; Cultura Urbana Contemporânea; Pensamento Social Brasileiro; Processos Sociais Agrários; Sociologia Política e Transformações no Mundo do Trabalho.
Na Antropologia, a pesquisa concentra-se em 13 linhas principais: Identidade, Cidadania e Sociedades Complexas; Etnologia Indígena; Antropologia da Saúde; Relações Interétnicas; Antropologia do Pensamento Social; Cultura Popular, Arte, Religião e Literatura; Construção de Gênero; Antropologia do Campesinato; Antropologia do Desenvolvimento, Meio Ambiente e do Transnacionalismo; Antropologia do Direito; Teoria Antropológica; Antropologia da Política e Antropologia e Poder.
(Portal UNB)
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